quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Expedição Cerrado

A caminho de Terra Ronca, GO. Foto Gabriela Giovanka





Mastigando estrada

Numa caixa plástica estrategicamente acoplada entre os bancos da Toyota armazenamos uma mistura de sementes e frutas secas: ração de viagem. Durou até o final da Expedição. Sempre ficamos sem vontade de parar para comer quando estamos na pilha de viajar… Também havia maçã, laranja, banana fresca/seca e, à noite, missô. O fogãozinho deu conta dos cafés e chás matinais, além das cardápio das paradas prolongadas. E provamos da culinária local, certamente!


Paramos para abastecer 20 vezes e fotografar a paisagem outras tantas, apesar das queimadas, céu esfumaçado e ocasos cinza/amarelados. O Climatizar  instalado na Toyota foi fundamental, sem o qual, alguns momentos seriam sufocantes, não só pela fumaça de veículos descalibrados e nas paradas nos postos de combustíveis à noite, como também pela fuligem das queimadas e da poeira nas estradas. Trilha sonora em Minas: Milton Nascimento. Especialmente Avá Canoeiro em Aruanã.





Represa de Furnas e queimada a caminho da Canastra





O primeiro Paraíso da Expedição

Após uma noite de relâmpagos e trovões, uma chuva fina nos acompanhou à saída da Reserva Rio das Furnas rumo ao Cerrado. Até Curitiba, pela BR101, tudo perfeito; após, Registro,  e as obras de duplicação congestionaram tudo. Mal sinalizado, "rodamos" no Rodoanel em Sampa e à noitinha pegamos o rush, acidente, pedágio, obras e motoqueiros rasgando caminho de tudo quanto é lado.

Fugindo, lá fomos nós para Campinas/SP. Dormimos no D. Pedro Parking Posto na Rodovia D. Pedro e, manhãnzinha, ligamos para o casal Aline Patrícia e Gerson Horikawa, que nos aguardavam, com o Tadeu, para passarinharmos por São Sebastião do Paraíso:  Zoroastro, Parque da Serrinha, Espraiado, Praça da Lagoinha e Santa Casa percorridos em três dias e meio. Uma maravilha!


Do Paraíso pensávamos seguir a Delfinópolis/MG e entrar pelo Sul da Canastra, atravessar o Parque com as dicas de GPS do amigo Marco Cruz, mas as notícias não foram boas: um incêndio desproporcional mobilizava até a população da cidade. Assim, nosso roteiro foi alterado.




No Posto Paraíso, Minas Gerais. 5 da matina: lá vem o sol e lá vamos nós! Foto Renato Rizzaro



Aline, Gerson, Gabi, Renato e Tadeu no Parque da Serrinha, em São Sebastião do Paraíso, MG




Passeio no Paraíso. Foto Gabriela Giovanka




Varrendo o Paraíso, São Sebastião, MG. Foto Renato Rizzaro



Uma pitada no Paraíso mineiro. Foto Renato Rizzaro



Serra da Canastra


15 de outubro. Em São Roque de Minas/MG aportamos no Camping da Picareta, dica do Zé Maria. Ali conhecemos a Família Chagas e o famoso Queijo da Canastra, saboreado com café plantado e moído na própria fazenda. Foram quatro dias na beira do Rio do Peixe. Seu Chico Chagas, na primeira noite, sanfoneiro que é, partiu para a missa: rezar e cantar para chover. Isso mesmo, o povo estava rezando para chover, que a estiagem era tamanha. Dia seguinte alguns pingos, mas a precisão era tanta... e dá-lhe queimada!

Dia 18, sábado, saímos com o Zé Maria. Construtor de mão cheia ergueu várias moradias, além da sua própria. Aluga, vende... e assim conquista seu espaço e equipamentos fotográficos para fazer o que mais gosta: andar no mato.

Domingo, 19, prosseguimos pelo Parque com as dicas imprescindíveis do Zé Maria, fechando a Canastra com uma bela Roda de Passarinho no Instituto Ellos de Educação no dia 20 de outubro.




Jogando seu charme irresistível ao lado de nossa Toyota-casa. Foto Renato Rizzaro





O som da Floresta é percebido quando estamos de olhos fechados e relaxados. Foto Gabriela Giovanka



O batismo da Canon no São Chico


É… pode acreditar! Esqueci que só a lente estava presa e a câmera caiu de boca. Aberta, sem lente, bebeu da água santa do São Chico. Parei, juro, para confirmar se a cena era mesmo real. Calmamente, graças à Gabriela que viu tudinho, recolhi a recém adquirida e abençoada Mark III e rapidamente me dirigi a um restaurante, próximo ao parque, pedindo um secador de cabelos, pelamordedeus! Nem deu tempo de dizer, mas a câmera pingando na minha mão dizia pra quê. 

Uma senhora, muito simpática, trouxe o bendito aparelho. Iniciei uma operação de emergência, ali mesmo, em cima da mesa do restaurante vazio. Com algumas ferramentinhas que levava comigo passei a desmontar a Canon delicadamente, e dá-lhe vento quente, morno, longe, perto… Em cima da mesa, alinhavam-se minúsculos parafusos, vidrinhos, baterias, plaquetinhas e um senhor, provavelmente o marido da senhora, aproximou-se lentamente e, tal como numa sala cirúrgica, não ousou interromper o concentradíssimo cirurgião.

Alguns séculos se passaram. Desmontada e montada, o teste: ligo… sem mais nem menos, desliga. Batimentos cardíacos descompassados, oxigênio… Abro tudo novamente, fecho, seco, sacudo e ligo. Permaneceu ligada um pouco e... desligou. (Tem algum palavrão aí que possa ser publicado?) 

Ai, ai, ai... Não, não pode ser. Isso não aconteceu, até fiquei contente porque era de mentira e daqui a pouco iria passar e… reza a lenda, passou! Funciona até hoje e, o que é melhor, abençoada pelo São Chico, uai!











Salvos pela Gaiola


No Camping do Rá, outra dica do Zé Maria e, já noite, fomos recepcionados por uma tempestade de raios alucinante! Espetavam o céu na horizontal, tremia tudo, ribombava nas escarpas da Serra da Canastra, faiscava. Estávamos numa área aberta, mas nossa salvação foi pensar na Gaiola de Faraday e sobrevivemos. Mas que deu medo, deu.


O latido do Pato-mergulhão


Dia seguinte, manhãzinha, céu nublado e latidos de cachorrinhos do outro lado do São Francisco. Mas, como? Como um par de cachorrinhos estaria do lado de lá? Impossível. Só se for… Sim, a voz do Pato-mergulhão! E logo vimos um casal sobrevoando  o rio, acompanhados de um casal de Pato-do-mato. Depois, nada mais de Mergulhão. 

Corremos o dia, subimos o rio, descemos, viramos, deitamos, esperamos em poços... sem pato, mas com muitas e belas imagens ao nascer e ocaso desta Serra magnífica, delicadamente encoberta por nuvens que ora deixavam ver, ora não, as fendas e faces de um mundo esculpido pelo tempo, muito tempo. Muito mundo.


Meia-lua-do-cerrado (Melanopareia torquata) Foto Renato Rizzaro




Meia-lua do Cerrado


Retornamos a São Roque de Minas para dar uma passadinha na casa do Zé Maria: hora das despedidas. Convidados a espiar uma de suas obras, na saída de São Roque, lá fomos nós. E, quem sabe, nos disse ele, que poderíamos até avistar o Meia-lua-do-cerrado na vizinhança. Ave esplêndida e uma da lista dos desejos.

O sol pegava forte e nosso guia soltou o playback num dos lados do vale, só pra testar. Caminhamos mais um tanto, toca playback e nada... Persistente, Zé Maria espera o momento certo, viaja longe, procura a satisfação nas belas imagens... e, de quebra, nos ensina um bocado sobre as plantas do local. E dá-lhe playback... O sol esquenta mais, mosquitos atacam, ficamos sem água, ali, na esperança de ver o bichinho. E aquele silêncio fuliginoso…

Sobe, desce, até que de repente uma resposta bem fraquinha vem do outro lado do vale, por onde já havíamos passado. Sobe, desce novamente e o fundo do vale torrando miolo. Toca playback e… nada. Mas tem que estar lá, ora bolas! Respondeu uma única vez, como assim?

Esverdeados de fome e sede, vem a derradeira noticia: tá legal, tentamos o que deu, o bicho não vem, vambora…

Porém, como todos querem que a história tenha um final feliz, eis que do nada, vem aquele chamadinho em nossa direção e quem, quem, quem? Só pode, né: Meia-lua-do-cerrado!



Zé Maria, guia no Parna Serra da Canastra. Foto Renato Rizzaro




O fogo do raio e o raio do fogo


Tem gente que duvida que o raio é capaz de botar fogo no mato, mas bota. Passamos por uma onda de calor, em outubro e novembro, na região do Cerrado. Contam os mais antigos que há setenta anos aconteceu algo parecido e que ardeu muita fazenda por falta de chuva. Diziam, se esfregasse muito as mãos pegava fogo na macega. Não duvido. Agora, tem quem as esfregue com um palito ou bucha de pano com gasolina, só pra ver o Cerrado arder, de pura maldade.


Mas tem plantas que brotam do fogo, então não tem jeito de se acabar tudo só com fogo, tem que insistir muito, coisa que só a monocultura consegue. O Cerrado é uma floresta ao contrário,  encapsulada. As árvores crescem para o miolo da terra e sabem do fogo, que tudo queima uma hora. Então, é só bater um pingo de chuva e já aparece flor, numa velocidade fantástica! O raio cai, sim, e queima lá e cá uma vez.



A capacidade de vida no Cerrado é extrema. Foto Gabriela Giovanka




Estrela do Indaiá


23 a 29 de outubro. Ricardo Mendes, querido amigo e guia, nos apresenta Estrela do Indaiá/MG e nos recebe com uma recepção calorosa, a Cachaça de Minas, o queijo curtido, o Doce de Leite feito pela Dona Nerzita, mãe de Leandra, esposa de Ricardo e as histórias contadas pelo Seu Geraldo Morcego, mestre festeiro do Terno Penacho de Nossa Senhora do Rosário, que acontece alegra a cidade todo segundo final de semana de agosto.

Ricardo é Fundador da Minas Birding Tours, Secretário Executivo na Ecoavis  e Co-Fundador da Táxeus

Partimos com Ricardo para Santo Antonio do Monte/MG no dia 25, onde encontramos belas aves e novos amigos, Daniel Santos e seu filho Luis Henrique. Dia 26, debaixo de chuva, rumamos um pouco além, para Lagoa da Prata onde encontramos Gilberto Alves que nos guiou até o formoso Tricolino... 



Presente de nosso querido amigo Ricardo Mendes, além de uma farinha deliciosa e muita hospitalidade





Ricardo Mendes, dedicado e competente guia de aves. Foto Renato Rizzaro





Cuíca e Dona Nerzita, pais de Leandra, esposa de Ricardo. Foto Renato Rizzaro


Parque Itacolomi


Ita é pedra e colomi vem de curumim, menino. A Pedra do menino, traduzido do Tupi  e marco ancestral é avistada por toda Ouro Preto.


Segunda-feira, Parque fechado, mas não vamos estressar, certo? Ricardo nem precisou insistir com o guardião da portaria que logo passou a voz ao gerente do Parque que nos chamou à sua casa, o simpático e atencioso Juarez Távora Basilio (assista a entrevista). Depois de uma boa prosa, onde nos deu um horizonte do que é o Parque Itacolomi, seguimos com Ricardo entre neblina e belas surpresas.
Que lugar! Não resistimos e retornamos com nossa casa-toya para o desfrute de mais alguns dias numa paisagem deslumbrante.


Ouro Preto. Foto Gabriela Giovanka




Ricardo conhece a cidade onde morou na época de estudante. Com ele ficamos à vontade e registramos os meandros de Ouro Preto com olhares dedicados. ''

Dia 28 seguimos para o Sítio do pai de Ricardo, em Itaverava/MG. Dia seguinte, 29, fomos ao Parque Estadual da Serra de Ouro Branco onde nos esperavam belas surpresas, desde paisagens magníficas e uma ave rara que pousou para ser fotografada da janela do carro do Ricardo.

Depois de todo carinho ficou difícil sair de Conselheiro Lafaiete/MG, após um delicioso almoço, rumamos sozinhos para a segunda etapa de Ouro Preto, no Parque Itacolomi. Lá ficamos cinco dias.

Cadê a embreagem?

Foi o único perrengue de toda a viagem. Resolvido com o apoio do Juarez e do Renato, guarda-parque que nos levou até a loja de Ouro Preto onde encontramos o cilindro mestre da embreagem que havia pifado. Enfrentamos muitas curvas e subidas "punks" pelo caminho e dali pra frente iria ser difícil consertar este sério problema por falta de oficinas e peças. Quebrou na hora certa!

Corrida pelo Itacolomi

Primeiro de novembro percebemos uma agitação incomum no Parque. Depois de vários dias sós e bem acompanhados por aves, bichos, pessoas e paisagens, estava prestes a acontecer uma corrida a pé, com mais de 800 pessoas! Chegava ao fim nossa estadia, hora de levantar âncora e seguir rumo ao Parque Nacional da Serra do Cipó.



Campos Rupestres, únicos no Planeta, em mais da metade do Parque Itacolomi. Foto Renato Rizzaro




Lenheiro e Pedreiro do Espinhaço


Guilherme Freitas, um dos principais pesquisadores, descreveu o Pedreiro-do-espinhaço (Cinclodes espinhacensis) em 2012 e nos orientou pelos caminhos do Espinhaço onde poderíamos encontra-lo. Foram seis dias de intensa busca sem resultado, os bichinhos estavam noutras paragens.

Muito ficou gravado em nossa memória deste habitat: pedras afiadas, antigas e permeadas de jardins floridos, cores de barro intenso, cachoeiras em véu e um céu anil, até que começou a fechar... pois já era tempo de chover. Tampouco choveu. Do que vimos também restou algo das infelizes queimadas, que atingiram boa parte do Parque por isso fechado até a véspera de nossa chegada.



A Trilha Mãe D'Água cruza com a dos Escravos. Tudo queimado... Foto Renato Rizzaro




A Cordilheira Brasileira


Lapinha da Serra é um pequeno lugarejo de Santana do Riacho/MG, por onde se vai numa simpática estradinha onde aparecem, sem querer, muitas costeletas de vaca, das que desatarraxam nossos parafusos, entende? Sobe, sobe e desce, desce ao fundo de um vale encantador. Era noite e nos instalamos no Camping das Bromélias. Uma dúzia de ovos virou fritada e lembramos do Tangará, belo cão preto retinto que adora caminhar com o Guilherme Freitas pelas trilhas e pelo quintal, entre galinhas, verduras e frutas orgânicas. Dali, ovos.

Na parte alta da Lapinha paramos na casa do Seu Raimundo Mendes de Miranda e sua esposa Regina Ucelina. Conhecemos um pouco da história do local e gravamos uma entrevista com direito a canção deste que foi um dos vereadores pioneiros na região (assista a entrevista).

A Trilha Mãe D'Água seria outro ponto em que encontraríamos o Pedreiro com certa facilidade, se não tivesse sido absolutamente transformada em fuligem, junto com o Caminho dos Escravos, um belo passeio pelo tempo em que as cidades eram beneficiadas pelo ouro e outros minerais, como o mármore. Neste ponto estacionamos três dias, no Camping Chapéu de Sol.

5 de novembro, Parque Nacional da Serra do Cipó, conversamos longamente com seu gestor Flávio Cerezo que nos autorizou a pernoitar no Parque e visitar as Vellozias gigantes e tentar novamente o contato com o Pedreiro e, quem sabe o Lenheiro. Temos belas recordações do local, porém, sem as sonhadas aves.


As muitas faces do Espinhaço. Foto Renato Rizzaro



Canela-de-ema gigante e Quilombos


Na Trilha do Capão chegamos até uma cachoeira que deveria ser batizada como Cachoeira dos Beija-flores. Estão em toda parte, inclusive tomando banho nas corredeiras e beijando uma florzinha que também deveria chamar-se de amarelinha da corredeira, por estarem na correnteza, entre as pedras. Neste momento também houve ameaça de chuva, com trovoada e tudo, mas água, que era bom, não veio.

7 de novembro foi o dia do encontro com as Vellozias gigantes na companhia do Claudionor Julio Ribeiro do ICMBio de quem ganhamos o livro da cultura e da família dele: Quilombolas - somos todos parte dessa história, de Roberto Murta e Nila Rodrigues Barbosa e Ulisses Manoel da Silva.

"A língua africana legou a nós, brasileiros, uma série de palavras que se incorporaram ao nosso português e que usamos cotidianamente, sem notar. Não é difícil encontrar exemplos bem conhecidos por todo o mundo. Vejamos apenas três palavras que se remetem aos mais diversos campos de nossa vida: quiabo, quitute, quitanda. A primeira diz respeito à comida; a segunda, à habilidade em fazer comida; a terceira, ao comprar comida. Nunca nos perguntamos de onde vêm essas palavras,  porque nunca nos perguntamos de onde vem palavra alguma. Apenas as usamos e pronto. Mas o fato de usarmos as palavras indica como certas coisas e certas práticas estão profundamente enraizadas em nossas vidas." (...)

"Nessa linha está a palavra 'quilombo'. 'Quilombo' é um ato de resistência. É a comunidade formada pela fuga dos negros, índios e, por vezes, até mesmo de brancos pobres da condição de trabalho forçado. (...) De origem bantu, a palavra sempre existiu, mas com outro significado: lugar de pouso para viajantes e desenraizados; lugar de refúgio.

Neste belíssimo livro, ilustrado inicialmente com fotos em preto e branco bem contrastadas, lê-se sobre a "majestosa cordilheira brasileira":

"A Serra do Espinhaço, em todos os seus aspectos, é absolutamente singular. Resultado de uma dinâmica geológica associada aos movimentos tectônicos que formaram os continentes atuais há mais de um bilhão de anos, pode ser considerada uma espécie de cicatriz do parto que deu origem ao território em que, hoje em dia, habitam os brasileiros. (...)

Sua extensão é de mais de 1.000 quilômetros, no sentido longitudinal, iniciando-se no Quadrilátero Ferrífero, seguindo até o norte de Minas e chegando até o sul da Bahia. Longa e estreita, a serra apresenta uma diferença mínima no que diz respeito à latirude, já que sua largura nunca é menor que 50 km e poucas vezes chega a ultrapassar os 100. A altitude é bastante variável, embora um tanto modesta: contada do nível do mar, a média situa-se entre 900 e 1.000 metros, com culminâncias de pouco mais de 2.000 metros. As diversidades climática e pluviométrica são notáveis, resultantes da convivência entre três ecossistemas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga." (...)

Como Minas Gerais, a Serra do Espinhaço são muitas. Diversas serras, associadas umas às outras pela uniformidade da paisagem: Serra da Moeda, do Cipó, do Cabral, do Caraça, do Basbão e Serra Geral."


Vellozias gigantes no Parque Nacional da Serra do Cipó. Foto Renato Rizzaro




A Estátua do Juquinha


Pois este foi um dos pontos no qual haveríamos de encontrar, mais uma vez, os famosos Pedreiro e Lenheiro e tal qual foi nossa surpresa ao encontrar outra história, no livro que o Claudionor nos presenteou:

"... tratava-se de um negro, vendedor de mudas de plantas que circulava pelas trilhas e cidades do Cipó a pé. Morreu pobre e sua família continua pobre, embora a imagem tenha se tornado um ícone da região, a ponto de ter sido tornada símbolo da Serra do Cipó e explorada em benefício de atividades turísticas (...) Mas ainda, na estátua que o homenageia, sua cor negra e seu tipo africano foram escamoteados, sendo substituído por aquele que, no imaginário da sociedade branca, é o "matuto mineiro".

"José Patrício, o 'Juquinha das Flores', era um tipo popular que sempre viveu na Serra do Cipó. Morreu em 1987, sem ter idade e origem bem definidos. Figura folclórica das região, ficou famoso pelo conhecimento sobre a flores e plantas locais, que colhia e oferecia aos visitantes, segundo se conta, sem aceitar dinheiro: de pequenos utensílios até um prato de comida. Após sua morte, a população da região resolveu homenageá-lo com uma estátua, instalada em um dos pontos mais altos do município de Morro do Pilar.

Concluímos esta etapa da Expedição com uma enorme lua cheia!



Juquinha das Flores. Foto Roberto Murta




O Juquinha das Flores, negro conhecedor de plantas, agora matuto mineiro. Foto Renato Rizzaro




Em casa com Guimarães Rosa


Na sempre bem vinda mudança de rota, surge Cordisburgo/MG. Antigo comércio à frente da estação de trem, chão pisado de história, preservado alguns cômodos e assoalhada de madeira cheirando a espirito de fumo, terra, couro, bosta de cavalo e línguas muitas!

O quarto da avó, reconstruído, é um mimo, iluminado de rendilhas, abençoado de crucifixos, ecoa rezas emolduradas por sempre-vivas ensacadinhas em paninhos, observada de todo lado por anjos e anjinhos.

Tudo transpira Rosa, eleva nossa vista ao forro de palha trançada e viaja pelas declamações de jovens ensaiadas, que trazem Diadorim através do pateo, reunidos forasteiros em volta de uma carroça/palco... e a gente aqui dentro da casa, a buscar os detalhes de arreios, sanfonas, bancos, quilicas em vidro de boca larga... e o desejo de Gabriela realizado.


Delicadeza nos detalhes no quarto da vovó. Foto Gabriela Giovanka




A cozinha da casa de Guimarães Rosa. Foto Gabriela Giovanka



Os amigos de Brasília


Brasília, 9 de novembro. Numa bela tarde nossos amigos nos levaram a conhecer o Parque das Águas e experimentar os gostosos sorvetes com frutos do Cerrado. Bela e bem estruturada área urbana. Dia seguinte, metrô, Museu Nacional e a constatação de que Niemeyer não transitaria em Brasília a pé, pois queimaria os miolos e se visse como está sua criação hoje, ficaria triste e brabo.

Guarim é jornalista e nos conhecemos em Blumenau/SC, no Projeto Piava onde trabalhamos em gravações de entrevistas na região do Vale do Itajaí e editamos o livro "O movimento das águas", em 2008, com uma equipe afinada, coordenada por Beate Frank.


Guarim, Renato, Gabriela, Cauê e Clarice em Brasília. Foto Janaina Liberato




Chapada dos Veadeiros


"Quem, saindo de Brasília, parte rumo nordeste Goiás buscando a direção de Formosa, ao passar uma satélite, Sobradinho, e outra, Planaltina, vai aos poucos escalonando os mais altos platôs do centro brasileiro, descortinando neste trecho extensas áreas a cima de 1.000 metros de altitude, em pleno Cerrado, caracterizadas por campos sujos e limpos, blocos de Cerradão, Veredas, capões de matas ciliares, vegetações das nascentes formadoras das três grandes bacias de nosso país: Paraná, São Francisco e Amazônia." (Luiz Lima, o Lula)

"Mesas onduladas, com graciosos morros e morrotes, pontuam isoladamente as grandes campinas do Rio Preto. Chapadão voante e larga magnífica. Várzea exemplar de altitude com fileiras de buritis salpicando a paisagem infinita. Aqui e ali uma mata ciliar e, no mais, a vastidão dos verdes tapetes pelos campos, secos e molhados.

Do ponto de vista do Buracão, mirando ao norte, o visitante amigo certamente vai parar seu veículo e contemplar por instantes o belíssimo panorama. Cartão de Visita do Parque Nacional. Os antigos apelidaram ali de Riacho Fundo, nome de um córrego merecedor em tudo por este nome. Os esotéricos preferiram, no entanto, batizar a paisagem com o nome de Jardim de Maytrea

O embrião ampliado do atual Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros teve, originalmente com 625.000 hectares, o nome de Tocantins, devido ao fato de ter, em seus limites meridionais e boa parte de seu contorno, o percurso do Rio Tocantizinho que, nascendo nesta chapada, é, por seu volume extensão, o mais importante da região. No período dos governos militares, duas reduções mudaram seu nome e sua extensão, quase 90% em relação a área original. 

Hoje, conta, abrangendo porções dos municípios de Alto Paraíso, Teresina e Cavalcante, com apenas 65.525 hectares." (Lula)


Jardim de Maitreya. Foto Renato Rizzaro




Roda de Passarinho e a magia de Alto Paraíso


Gislaine Disconzi, Coordenadora Nacional do Censo Neotropical de Aves Aquáticas-CNAA Brasil nos recepcionou e abrigou nossa Toyota em seu quintal, em Alto Paraíso de Goiás/GO, de 11 a 14 de novembro. Nos apresentou a cidade e seus amigos, entre tantos, Tereza e a guia Ana Rosa Santos Corazolla da Ecorotas e o Lula, que nos presenteou com sua pérola preciosa, o livro Goiás - Entre Cimos Nublados/Uma Solidão Selvagem

Gislaine e Tereza orientaram o caminho para a Roda de Passarinho do Instituto Oca Brasil.

Guiados por Ana Rosa, foi emocionante encontrar o Uirapuru-laranja, Peixe-frito-pavonino e presenciar o balé/ritual dos Chifre-de-ouro. Voavam ora em linha reta e de trás para frente e ora desenhando o infinito no mesmo plano do solo. Não se importaram com nossa presença, tanto que ficamos assim por muito tempo. Em certo momento ajoelhei entre eles e participei do ritual, vinham ao meu encontro, face-a-face. Momento mágico!

Ana Rosa é profunda conhecedora da Chapada e estuda as aves e seu habitat com dedicação. Nos guiou também à Morada do Sol, Pousada dos Anões e mostrou locais encantadores na cidade e na BR010, à margem do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros. Também foi ela quem nos passou informações precisas para o próximo destino: Terra Ronca/GO.



Roda de Passarinho no Instituto Oca Brasil, Alto Paraíso de Goiás. Foto Simone Guimarães




Uirapuru-laranja (Pipra fasciicauda) Foto Renato Rizzaro





Peixe-frito-pavonino (Dromococcyx pavoninus) Foto Renato Rizzaro





Chifre-de-ouro (Heliactin bilophus) Foto Renato Rizzaro





Gabriela e Ana Rosa conversam ao pé da estrada. Foto Renato Rizzaro




O Homem das Cavernas


15 de novembro aportamos no Camping do Ramiro, praticamente na boca da principal caverna do Parque Estadual Terra Ronca. Este Parque abriga um dos mais importantes conjuntos espeleológicos da América do Sul e tem formações geológicas impressionantes em todo seu entorno.

Graças à troca de emails entre Gabriela e Tatiana Pongiluppi/SAVE Brasil e Tulio Dornas da Universidade Federal de Tocantins, as tiribas ficaram gravadas em nossa memória não só através das vozes como dos nomes pelos quais são conhecidas naquela região: barreirinha, ciganinha e chiriri.

Ao chegamos ao Camping não encontramos o Ramiro. Caminhamos até a entrada da Caverna Terra Ronca e cruzamos o Cássio Sadgati, frequentador do local e morador da cidade vizinha, Guarani de Goiás. Nos convidou a uma subida inesquecível ao topo da Caverna.

Impressionante as formações vegetais e rochosas que permeiam esta trilha até o topo. Dali, pela visão que se abre, dá para se ter uma ideia de quão frondoso é o Cerrado, preservado pelo Parque Estadual.

Já preparados para descer, eis que um bando de 20 tiribas surge do nada. Pronto! Ganhamos mais um presente raro e inesperado, com as delicadas aves a conversar nas copas enquanto eu tentava melhores ângulos para fotografia, difícil na contra-luz. Mesmo com flash consegui algumas fotos e no mais, a sensação maravilhosa de poder ter tido o contato com uma ave espetacular, ameaçada de extinção.

Após esta recepção, os dias só poderiam ser encantados. Guiados pelo Ramiro atravessamos rios submersos, observamos formações milenares e pudemos conhecer um pouco mais deste homem que nasceu, cresceu, foi batizado e casou dentro da caverna (assista a entrevista com Ramiro, o homem das cavernas).



Formações milenares no caminho de Terra Ronca. Foto Renato Rizzaro





No cume da Caverna o encontro com as Ciganinhas. Foto Gabriela Giovanka




Preparativos para atravessar a Caverna Terra Ronca. Foto Gabriela Giovanka




A proporção entre caverna e gente é absurda. Foto Renato Rizzaro





Na saída, alegria na correnteza. Foto Renato Rizzaro





Casario em Pirenópolis lembra épocas de muita fartura. Foto Gabriela Giovanka


Araguaia


Há tempos, a região era habitada por Xavante, Kayapó e Avá Canoeiro, grupos belicosos e hostis aos brancos, e outros extintos, como os Araé, Arachá, Crixá e Akroá. Os Karajá e Javaé estavam também em Aruanã, mas sua atitude pacífica e seu empenho em estabelecer relações com os tori, os não-indígenas, destoava do comportamento dos demais.

Com a descoberta de ouro na Capitania de Goiás, conhecida neste período como Minas dos Goyazes, houve ocupação das terras indígenas, escravização e choques, recorrendo-se, como no litoral, ao sistema de aldeamentos ou reduções com as já conhecidas consequências, no Século XVIII.

No século seguinte o governo inicia a construção de presídios nas margens do Tocantins e Araguaia, e o único que perdurou foi o de Santa Leopoldina, atual Aruanã. O presídio era um misto de estabelecimento penal, militar e colônia agrícola, com casas arruadas cobertas de telhas com enfermaria, casa de arrecadação, carpintaria, ferraria, quartel, engenho e escola.

Aruanã também é nome de peixe (Osteoglossum bicirrhosum) das bacias do Amazonas e Tocantins/Araguaia, assim como do ciclo de danças Iny (Karajá) e das entidades mascaradas que vêm dos mundos subaquáticos (berahatxi) e celeste (biu) para dançar na aldeia nestas ocasiões. Na língua indígena o peixe e as entidades têm o mesmo nome: ijasó, para os Karajá; irasó para os Javaé, e o nome em português, "aruanã", tradução para ambos.


Aruanã


Desde ano passado recebemos convite de Kennedy Borges/ICMBio para conhecer Aruanã/GO e a RESEX Lago do Cedro. Mas não sabíamos a data certa que estaríamos por lá, apesar da grande vontade em conhecer esta região do Rio Araguaia. Ligamos para Kennedy já perto de Auanã. Para nossa surpresa, havia sido convocado pelo ICMBio para o levantamento de aves migratórias no… Rio Grande do Sul! Assim, por fone, nos passou o contato da gestora da RESEX, Maria Mirtes (assista a entrevista).

Simpática e muito atenciosa, esta senhora que há anos iniciou carreira no IBAMA, conhece muitos Parques Brasil afora e tem um carinho especial pela RESEX que trata como se fosse sua filha. Nos levou a conhecer lagoas que se formam na época seca do ano, e aos locais mais indicados para observação de aves.

Escolhemos "pousar" na Lagoa da Lajinha por três dias. Belos momentos, fotos e gravação com aves desconhecidas até por Kennedy Borges.



Rio Araguaia em dia de ventania. Foto Renato Rizzaro




Lagoa da Lajinha na RESEX Lago do Cedro, Aruanã. Foto Renato Rizzaro




Tracajás na Lagoa da Lajinha. Foto Renato Rizzaro




Ritxoko, patrimônio do Brasil


As Ritxoko - Expressão Artística e Cosmológica do Povo Karajá - são uma referência cultural significativa para o povo Karajá e representam, muitas vezes, a única ou a mais importante fonte de renda das famílias.

Atualmente, a confecção dessas figuras de cerâmica, denominadas na língua nativa de ritxòkò (na ala feminina) e/ou ritxòò (na ala masculina), é uma atividade exclusiva das mulheres e envolve técnicas e modos de fazer considerados tradicionais e transmitidos de geração em geração.

As bonecas Karajá condensam e expressam importantes aspectos da identidade do grupo, além de simbolizar diferentes planos da sua sóciocosmologia.

Mais do que objetos meramente lúdicos, as ritxòkòs são consideradas representações culturais que comportam significados sociais profundos, por meio dos quais se reproduz o ordenamento sócio-cultural e familiar dos Karajá. (saiba mais sobre a cultura Karajá)


Roda de Passarinho Karajá


Maria Mirtes nos acompanhou à Prefeitura de Aruanã e lá decidimos onde seria a Roda de Passarinho: na Aldeia Karajá. Uma tranquila Roda com professores, alunos e a gostosa aparição de Iracy Hiwelaki, contando a lenda da coruja. (mais detalhes aqui)



Iracy Hiwelaki produz e ensina os alunos da escola a moldar as bonecas Ritxoko. Foto Renato Rizzaro





Iracy Hiwelaki e seu marido Raul, cacique da Aldeia Karajá. Foto Renato Rizzaro





Koboi, chefe do povo do fundo das águas, na lenda Karajá





Parque Nacional das Emas


Sábado, 22 de novembro, Parque Nacional das Emas. Super bem recebidos por Izabel Camile Nominato, Turismóloga e Educadora Ambiental na Calliandra do Cerrado Ecoturismo Receptivo, atualmente moradora no Emas.

À noite, encontramos o gestor do Parque, Marcos da Silva Cunha (assista a entrevista) que deu todo apoio à nossa atividade, inclusive com mapas e sugestões de locais para melhor observar a avifauna.

Na segunda-feira, 24, fomos até Chapadão do Céu/GO, acompanhados por Izabel, para marcar a Roda de Passarinho na Micael, escola municipal com Pedagogia Waldorf, dirigida por Magui Peixoto. Recanto peculiar, com pessoas sensíveis e agradáveis que nos deram espaço livre e convidaram professores de outras escolas para participarem de nossa atividade. Aliás, esta Roda novamente foi diferente, por ser dirigida a adultos e um convidado especial, Sr. Rubens Pereira da Rosa, que nos impressionou com seu conhecimento das plantas do Cerrado.

No Parque das Emas finalizamos nossa Expedição. Dali pra frente a volta num pé só e única parada em Marília/SP e depois Ilha de Santa Catarina. 30 de novembro de 2014.


Bioluminescência, após chuva e aleleuias. Foto Renato Rizzaro





Cascavel na estrada. Foto Renato Rizzaro





Gibóia, também atravessa a estrada. Foto de Renato Rizzaro






Tá, Sucuri, vai um abraço apertado aí?! Foto Renato Rizzaro






Queixadas frequentam o espaço da administração do Parque Nacional das Emas. Foto Renato Rizzaro





... e os veadinhos ariscos, esgueiram-se pela macega. Foto Renato Rizzaro






Parla! Foto Renato Rizzaro





Professores e convidados da Roda de Passarinho em Chapadão do Céu, Go. Foto Renato Rizzaro






Agradecimentos


À senhora do secador de cabelos!
Alessandro Abdala
Aline Patricia & Gerson Horikawa, São Sebastião do Paraíso, MG
Ana Luzia, Parque Nacional das Emas
Ana Rosa Santos Corazolla - Ecorotas
André Luiz de Oliveira / Emas
Angela Kuczach - Rede Nacional Pró Unidades de Conservação
Bruno Arantes
Carlos Manoel Amaral Soares - SPVS
Cássio Sadgati, GO
Claudionor Julio Ribeiro - ICMBio Serra do Cipó
Constantino Mello - Aparecida, SP
Daniel Santos e seu filho Luis Henrique
Edson Endrigo, SP
Eduardo Pegurier - ((o))eco
Eduardo Soares Nunes - São Félix, TO
Flávio Cerezo - Parna Serra do Cipó
Fred Crema - Maritaca Turismo
Gislaine Disconzi - CNAA Brasil
Gilberto Alves - Santo Antonio do Monte, MG
Guarim, Jana, Clarice e Cauê Liberatto - Brasília
Guilherme Freitas - Santo Antonio do Monte, MG
Gustavo Pedersoli
Instituto Mamede Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, MS
Izabel Camille Nominatto - Calliandra do Cerrado Ecoturismo
Jarbas Mattos, SP
João Quental, RJ
Jorge Fernandes de Freitas Neto
Jose Luciano de Souza - ICMBio, Brasília
José Tadeu Quintino - São Sebastião do Paraíso, MG
Juarez Távora Basilio - Parque Estadual Itacolomi
Júnior PETAR
Kennedy Borges - ICMBio, Aruanã
Loren e Salatiel - Apiaí, SP
Luiz José do Rêgo da Cunha Lima (Lula) - Goiás
Magui Peixoto - Escola Micael, Chapadão do Céu, GO
Maria Mineira - Instituto Ellos de Educação
Maria Mirtes - ICMBio Aruanã
Marco Cruz, Taubaté, SP
Marcos da Silva Cunha - ICMBIO, Parna Emas
Margi Moss
Martha Argel - WCS Brasil, Instituto Unicamp
Nando do Correio - Estrela do Indaiá, MG
Patrícia Andrade
Paulo Roberto Melo - Palmas, TO
Públio Rodrigues & Silvia Maria Botacini - São Paulo, SP
Ramiro - Terra Ronca, GO
Raul e Iracy Hiwelaki - Chefe Karajá e esposa - Aruanã, GO
Ricardo Mendes - Táxeus - COA BH - Minas Birding Tour & família
Roberto Torrubia - Taubaté, SP
Rubens Pereira Rosa
Salatiel e Loren - Apiaí, SP
SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
Steigle Santos de Oliveira, Emas, GO
Tatiana Clauzet
Tatiana Pongiluppi - SAVE Brasil
Tietta Pivatto
Tulio Dornas - Universidade Federal do Tocantins
Vítor Piacentini - CBRO, USP
Zé Maria & família - São Roque de Minas, MG



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